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Flora de MT, família Curcubitaceae Juss., será ampliada após parceria entre Unemat e UFG
BOTÂNICA
Flora de MT, família Curcubitaceae Juss., será ampliada após parceria entre Unemat e UFG
30/04/2015 12:39:41
por Hemilia Maia
Foto por: Equipe de Pesquisadores

Na próxima atualização da lista das espécies da flora do Brasil o número de exemplares da família Cucurbitaceae Juss., família das abobrinhas, ocorrentes em Mato Grosso será ampliado.  O acréscimo é resultado da expedição realizada pelas equipes da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e da Universidade Federal de Goiás (UFG) entre os dias 22 e 28 de abril.

A professora da Unemat, Maria Antonia Carniello, doutora em Biologia Vegetal e curadora do Herbário do Pantanal Vali Joana Pott (HPAN) da própria Instituição em Cáceres, articulou a vinda da especialista em Cucurbitaceae, a botânica e doutora em Ciências Biológicas, Vera Lúcia Gomes Klein, para um trabalho em conjunto. “O especialista tem um olhar mais refinado em relação às espécies, enquanto que nós tínhamos trabalhos que se complementavam”, disse a curadora. Segundo os pesquisadores envolvidos na expedição o cenário era totalmente favorável.

A curadora do HPAN articulou junto às demais curadorias dos herbários de Mato Grosso a reunião das amostras das respectivas coleções de espécies desta família botânica e para viabilizar a identificação e atualização das espécies para o Estado pelos especialistas vindos da UFG durante as atividades da expedição de sete dias. Participaram do processo as coleções dos herbários da Unemat do campus de Tangará da Serra – Tang, do Herbário Central de Cuiabá da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), visitado pela especialista, e o de Sinop – CNMT cujas plantas foram enviadas diretamente para Vera Klein.

As equipes da Unemat Cáceres e da UFG ainda realizaram missões de campo no Pantanal, dentro da Estação Ecológica de Taiamã, que foram fundamentais para a confirmação de quatro espécies que fazem parte da dieta dos peixes conhecidas popularmente como melancia e abobrinha de pacu: Cayaponia cruegeri (Naudin) Cogn.; Cayaponia citrullifolia (Griseb.) Cogn.; Cayaponia podantha Cogn.; Cyclanthera hystrix (Gill.) Arn. “Tínhamos um hiato de dados sobre os detalhes da dispersão das sementes da planta pelo peixe. Agora, temos informações”, afirmou Vera Klein.

Ao final dessa expedição nas coleções de Cucurbitaceas reunidas pelo herbário HPAN, também foram catalogadas e identificadas um total de 28 espécies durante a visita da especialista. Os pesquisadores afirmaram que o êxito do trabalho, neste momento, foi o resultado de alguns anos de pesquisas sobre ecologia de peixes, uso de plantas de pesca local (etnobotânica) e das negociações para a vinda dos especialistas Vera Klein e Túlio Carmo Conceição. “O aprofundamento e a atualização do conhecimento das várias espécies de Cucurbitaceae de beira de rio se deve em grande parte pelo empenho próprio dos pesquisadores estimulados pelas respectivas Instituições de Ensino Superior”, explicou Maria Antônia.

A expedição que foi realizada com recursos próprios da Unemat via projetos de pesquisa em andamento contou com apoio logístico do Instituto Chico Mendes/Estação Ecológica de Taiamã e a liberação dos especialistas da UFG pela Instituição. A experiência culminou em propostas futuras de projetos de pesquisas e de imediato será preparado e submetido resumo de trabalho sobre a flora do Mato Grosso, família Cucurbitaceae Juss., no 66º Congresso Nacional de Botânica, realizado pela Sociedade Botânica do Brasil que acontecerá em outubro.

Cucurbitaceae – É o nome da família botânica dado às plantas cultivadas como espécies comestíveis como: abóbora, melão, melancia, chuchu, caiga e, as silvestres: melancia-de-pacu, melancia-de-rato, tayuyá, entre outras, além das estabelecidas espontaneamente como maxixe e bucha.

Histórico da Parceria - Na coleção do HPAN já haviam 13 espécies de Cucurbitaceae catalogadas e para o Estado 30. O laboratório de Ictiologia da Unemat, sob a coordenação do professor Claumir Cesar Muniz, já desenvolvia um trabalho de pesquisa com relação à alimentação de quatro tipos de peixes: pacu, pacupeva, piau e peraputanga da Estação Ecológica de Taiamã. A Estação com mais de 11 mil hectares, o que equivale a 16 mil campos de futebol, pertence aos municípios de Cáceres e Poconé.  

As parcerias entre o HPAN e Laboratório de Ictiologia possibilitaram a Maria Antônia e Claumir Muniz orientandos comuns da graduação e da pós-graduação em Ciências Ambientais em um trabalho integrado de estudo entre os peixes e as plantas que eles comem. “Nós identificamos no trato digestivo muito material botânico. Sementes que não sabíamos quais eram, nem quando eram ingeridas pelos peixes e, a partir destas, e outras indagações, suscitaram vários trabalhos”, explicou o ictiologista que já havia confirmado a dispersão das sementes pelos peixes assim como a germinação mais rápida destas sementes que passaram pelo trato digestivo dos peixes.   

Em meio a alguns anos de negociação para a vinda da especialista Vera Klein, das várias espécies de Cucurbitaceae de beira de rio do Pantanal, a curiosidade de saber como essa relação entre planta e peixe se dava e o trabalho de uma de suas orientadas da UFG foram as motivações que trouxeram os especialistas Vera Klein e Túlio Conceição ao HPAN.

 

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