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Estudo envolvendo pesquisadores da Unemat gera artigo na 'Nature'
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Estudo envolvendo pesquisadores da Unemat gera artigo na 'Nature'
20/03/2015 19:15:35
por Hemilia Maia com informações da Veja.com, do jornal O Globo, e da pesquisadora Beatriz Marimon
Foto por: Ben Hur Marimon Junior

Pesquisadores da Unemat fazem parte da equipe que publicou artigo na revista ‘Nature’ esta semana. A capacidade da Amazônia de absorver carbono da atmosfera caiu pela metade. Estas conclusões foram obtidas através de um estudo desenvolvido ao longo de 30 anos, que envolveu uma equipe internacional de cerca de 100 pesquisadores liderados pela Universidade de Leeds, na Inglaterra. Entre os cientistas, que trabalharam em oito países da América do Sul, estão pesquisadores e alunos da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).

A floresta passou de dois bilhões de toneladas de carbono armazenadas por ano, na década de 1990, para um bilhão; é o que diz o artigo ‘Long-term decline of the Amazon carbon sink’ publicado nesta quarta-feira (18) pela revista Nature, uma das mais conceituadas e antigas revistas científicas do mundo. Entre os coautores do artigo assinam os professores da Unemat do campus de Nova Xavantina: Beatriz Marimon, Bem Hur Marimon Junior e Ricardo Umetsu, mais os acadêmicos Edmar de Oliveira e Mônica Forsthofer.

Desde a publicação do artigo, o impacto da descoberta fez com que grandes veículos de comunicação do mundo todo replicassem as constatações, como a revista Veja, The Wall Street Journal, BBC News, CBC News, Science AAAS, ABC Science, The Mirror, The Guardian, Le Monde, Herald Scotland, Carbon Brief, Bloomberg, BBC World Service, entre outros.

Já está agendada ao campus de Nova Xavantina a vinda do professor visitante especial, Oliver Phillips, da Universidade de Leeds, em maio deste ano. Phillips é o principal coautor do artigo publicado. Além desta, há duas outras visitas agendadas para os anos de 2016 e 2017. A vinda de Phillips se deve à participação de projetos com professores e alunos do campus de Nova Xavantina.

“A participação da Unemat num trabalho como este mostra a importância da pesquisa em redes internacionais e a capacidade científica dos professores e alunos da Instituição”, concluiu o pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação, Rodrigo Zanin.

Entenda a pesquisa: Crescer rápido, morrer cedo. Segundo os pesquisadores, o aumento de gás carbônico (CO2) na atmosfera, um ingrediente chave para a fotossíntese, inicialmente propulsionou um surto no crescimento de árvores na Amazônia. Este carbono adicional, no entanto, parece ter tido consequências inesperadas.

O professor Oliver Phillips, do Departamento de Geografia da Universidade de Leeds, explica: “Com o passar do tempo, o estímulo às taxas de crescimento das árvores faz com que elas cresçam mais rapidamente e morram mais cedo”.

O artigo da Nature mostra ainda que o efeito de sumidouro de carbono da Floresta Amazônica está diminuindo devido ao aceleramento de mortalidade de árvores. Nos anos 1990, a Floresta Amazônica armazenava cerca de dois bilhões de toneladas de CO2 adicionais da atmosfera por ano em sua biomassa. Entretanto, este estudo demonstrou que as taxas de armazenamento de biomassa pela floresta caíram 50% desde então, e agora estão sendo superadas pelas emissões de combustíveis fósseis na América do Sul.

O principal autor do estudo, professor Roel Brienen, também da Universidade de Leeds, relata: “Independente das causas do aumento de mortalidade das árvores, este estudo demonstra que as previsões de um continuado aumento de armazenamento de carbono por florestas tropicais podem ser excessivamente otimistas. Modelos de mudanças climáticas pressupõem que a Floresta Amazônica continuará acumulando biomassa, enquanto as concentrações de CO2 na atmosfera continuarem aumentando. Nosso estudo mostra que este pode não ser o caso e que processos relacionados à mortalidade de árvores são fundamentais”.

“Nossas áreas de florestas em Mato Grosso revelam um padrão parecido, com taxas de crescimento aumentando, mas a mortalidade das árvores aumentando mais ainda”, diz a professora do campus de Nova Xavantina da Unemat, Beatriz Marimon, que coordena o monitoramento de florestas no sudeste da Amazônia.

Para calcular as mudanças no armazenamento de carbono, os pesquisadores analisaram dados de 321 áreas de florestas em toda a Amazônia, identificando e medindo 200 mil árvores, registrando as mortes e o nascimento de novas árvores nas parcelas desde os anos 1980.

“No mundo inteiro, florestas intactas estão mudando”, acrescenta o professor Phillips. “Se o sumidouro de carbono em florestas tropicais continuar a diminuir, as concentrações de CO2 na atmosfera vão aumentar mais rapidamente. As florestas nos fazem um grande favor, mas não podemos depender delas para resolver o problema das mudanças climáticas. Precisamos cortar radicalmente nossas emissões de gases de efeito estufa se quisermos estabilizar o nosso clima.”

O trabalho foi coordenado pelo Rainfor, uma rede de pesquisadores dedicados ao monitoramento de Florestas Amazônicas.  (www.rainfor.org)

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