Mato Grosso, S�bado, 20 de Abril de 2024     
Novo Portal
Parceria entre Unemat e UFG pesquisa espécies de bambu de Mato Grosso
BIOLOGIA
Parceria entre Unemat e UFG pesquisa espécies de bambu de Mato Grosso
02/02/2016 19:13:09
por Nataniel Zanferrari

Uma parceria entre a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e a Universidade Federal de Goiás (UFG) está pesquisando as espécies de bambu do estado de Mato Grosso. A cooperação está sendo realizada entre o Herbário do Pantanal Vali Joana Pott (HPan), da Unemat, e a Rede Regional de Bambu de Goiás, da UFG.

Durante dez dias, uma equipe composta por pesquisadores das duas universidades coletaram 14 espécimes da subfamília Bambusoideae, conhecidas como bambusoídes. As coletas ocorreram nos municípios de Araputanga, Cáceres, Curvelândia, Figueirópolis D’Oeste, Mirassol D’Oeste e Reserva do Cabaçal. Além das coletas, a expedição também realizou o georreferenciamento de espécies, gerando um mapeamento de populações das espécies na região.

“Esta é uma sucessão de atividades que desenvolvemos em parceria com a UFG. A primeira iniciativa ocorreu em 2007, onde conseguimos diagnosticar muitas espécies novas na região.”, explica a professora Maria Antonia Carniello, do curso de Biologia da Unemat e da Curadoria do Herbário da Unemat em Cáceres. “Este é um grupo pouco conhecido em Mato Grosso, e minimamente coletado, já que o processo de coleta é muito difícil de coletar, mas ele possui um grande potencial de uso, ainda pouco explorado no País”, explica Maria Antonia.

O diretor de Gestão de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG), Claumir César Muniz, enfatiza a importância destas cooperações entre diferentes instituições para alavancar a pesquisa na Unemat “É neste sentido que conseguimos agregar mais profissionais e mais resultados na nossa Instituição”, garante Claumir.

 “São citadas apenas seis espécies para Mato Grosso e, pelo que havíamos observado, notamos que este número estava incompleto. O que temos feito nesta parceria entre o Herbário da Unemat e a Rede Bambu da UFG é ver quais são as espécies ocorrentes e quais são os usos destas espécies”, afirma a professora Dalva Graciano Ribeiro, do Departamento de Botânica da UFG. “Dentre as 14 amostras coletadas, provavelmente três são espécies novas e as outras são novas ocorrências para o Estado”, afirma a pesquisadora.

Um dos intuitos destas pesquisas é gerar dados precisos para o uso e a valorização da importância econômica dom bambu, ainda pouco utilizado no Brasil, diferentemente de outros países. “Esta também é a primeira expedição em uma sequência para um grande projeto que estamos pensando e gestando juntos para desenvolver estes trabalhos que vão em direção ao diagnóstico da biodiversidade do grupo na região e no estado de Mato Grosso”, afirma a professora Maria Antonia. “A importância desta parceria com a UFG é a especialidade em anatomia deste grupo que a professora Dalva possui, para ajudar a diferenciar estas espécies e definirmos quais são as espécies que existem no Mato Grosso, e quais são as de uso com viés econômico”, disse Maria Antonia.

 “Estas espécies possuem um uso muito grande para construção civil e hotelaria, normalmente em pisos e artesanato. Além disso, elas também são muito úteis por praticarem sequestro de carbono e poderem ser utilizadas como carvão. O corte pode ser realizado a partir do terceiro ano e, depois disso, ser cortado novamente todo ano, então o valor e o retorno é muito grande”, explica a professora Dalva.

 

Diversidade em risco

Apesar da grande variedade de espécies de bambu na região, a biodiversidade do grupo sofre riscos. “A região é de grande extensão de área, com espécies que coabitam. Você encontra três ou quatro espécies em um mesmo espaço de 20 ou 30 metros quadrados. Mas com a retirada da mata e a conversão em pastagens e plantações de monocultura em geral, estamos vendo espécies sendo extintas pelo fogo, pelo controle mecânico e pelo controle químico”, contam as pesquisadoras.

A professora Maria Antonia conta que, ao consultar uma coleta em que as folhas aparentavam estarem doentes, foi diagnosticado que a causa havia sido a aplicação de controles químicos na semana anterior. “Ela acaba sendo considerada pelos proprietários uma ‘invasora’ da pastagem. Precisamos ampliar este olhar para o potencial que estas espécies possuem, e gerar um desenvolvimento sustentável”, esclarece a pesquisadora.

Em 2007, durante a primeira expedição, foi identificada uma espécie nova, mas, quando os pesquisadores foram realizar uma nova coleta , constaram que a espécie não existia mais “Ela foi removida mecanicamente, por causa da pastagem. Perdemos de conhecer uma espécie nova na região. Hoje, ela só existe no Herbário da Unemat, não vamos mais conseguir encontrá-la na natureza, pelo menos não aqui na região”, relata a professora Dalva.

Salvar esta página   Imprimir notícia   Enviar notícia por e-mail Visitas: 24605 | Impressões: 138859
Compartilhar no Facebook

Notícias relacionadas

  • Nenhuma notícia relacionada